Empresário com mais de 30
anos em mídia e comunicação e vencedor do prêmio Caboré em 1991 como melhor
profissional de mídia do Brasil.
Toninho sempre colabora com
projetos acadêmicos e universitários e nos atendeu em outubro de 2011 para uma breve entrevista a respeito da convergência de mídias.
Marcelo Outeda: "Com suas experiências de
internet, como é que você está vendo a expansão da rede no Brasil? "
Toninho Rosa: "A expansão da Internet no Brasil
era altamente previsível, até porque o Brasil, e aí eu estou dizendo com base
na minha teoria, o Brasil é o segundo maior país em mídia do mundo, só perde
para os Estados Unidos. O Brasil tem um número de emissoras de televisão, de
rádios, de jornais e de revistas altamente expressivo e tem um consumo muito
grande também. Nós temos cinco redes de tv's, os Estados Unidos só têm quatro
redes, mesmo assim tem um enorme nível de audiência.
Nós temos três mil emissoras
de rádio, 400 jornais diários e 2.500 títulos de revistas regulares, quer
dizer, esse parque toda é muito expressiva e de muito consumo. Então, quando a
Internet entra num país que já tem quem sabe fazer mídia, ela tem um salto
enorme. Mais: quando ela entra num país que tem um público que quer consumir
informação como o brasileiro, que não se conforma em não ter uma informação,
fica realmente constrangido quando não tem uma informação, aí de volta a
Internet tem um impulso enorme."
Marcelo Outeda: "Como você vê a questão da convergência da mídia e sua
importância para o exercício da propaganda e do jornalismo?"
Toninho Rosa: "A convergência é um processo já
iniciado e que tende a se aprofundar cada dia mais. Logo, o exercício do
jornalismo e da propaganda passará obrigatoriamente por práticas, processos e
estratégias que contemplem o cenário que se está desenhando, e que ainda me
parece embrionário."
Marcelo Outeda: "Você consideraria as mídias convergentes como principais
causadoras da queda dos índices de leitura das mídias impressas?"
Toninho Rosa: "Justamente na tentativa de vencer a
concorrência da internet e também da televisão, jornais e revistas rendem-se à
tentação de banalizar os fatos e transformar a notícia em mero espetáculo. A
maior prova de que a imprensa nacional perdeu força e credibilidade foi o
episódio do chamado mensalão. Apesar do carnaval de denúncias e do grande circo
de atrações bizarras montado pela mídia, quase ninguém foi punido pela Justiça,
embora ainda haja um processo em curso no Supremo Tribunal Federal. Aqueles que
renunciaram ao mandato recuperaram o poder por meio das urnas, enquanto o ex-presidente
Lula foi reeleito sem grande dificuldade. Passado o episódio, caberia aos donos
dos meios de comunicação analisar friamente onde foi que a imprensa errou e por
que a população ignorou o seu trabalho."
Livro: Atração Global: a Convergência da Mídia e Tecnologia" de Antonio Rosa Neto, da editora Makron Book's.
Marcelo Outeda: "Você escreve e desenvolve trabalhos para ambos os meios , como é essa experiência?"
Toninho Rosa: "Em linhas gerais, o espaço no impresso é limitado, e o da internet tem maior maleabilidade; o fechamento antecipado do impresso o "esfria", enquanto a internet é sempre "quente". Mas os princípios que norteiam a prática da propaganda e do jornalismo são (ou deveriam ser) os mesmos."
Marcelo Outeda: "Toninho, qual sua conclusão sobre as mídias convergentes?"
Toninho Rosa: "O grande problema no Brasil é a falta de invenções brasileiras nas novas mídias. "Cadê os Googles? Facebooks? Twitters? Yahoo? Porque não conseguimos produzir um YouTube aqui? Nós temos um problema seríssimo educacional e empresarial no Brasil". Essa á uma das carências que venho através de diversos estudos e ajuda de colegas tentando suprir."
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